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quarta-feira, 24 de março de 2010

Tempo simples



Adeus marcadores de tempo,
Desnecessário contá-lo.
O que importa a duração de um beijo
Se a lembrança do último
Me faz voltar no tempo?
Se as marcas de meu batom
Estão contigo a todo momento?
Deixo os ponteiros de lado,
O meu tempo é contado
Apenas taquicardicamente
Em um compasso ardente,
Onde estás sempre presente
E de tanto perceber-te
Enxergo tua face oculta
E o teu vulto se encaixa ao meu
Em um abraço eterno!

Rita Encinas

domingo, 21 de março de 2010

O meu, teu azul


Hoje eu quero todo o azul
do céu e do mar
e assim me visto pra te encontrar
me leve pra passear
entre turquesas e safiras
faça-me levitar
só peço que não me fira
com o cobalto do teu olhar
que vorazmente cobiça
todo o desejo do meu luar
o rubor da tua face
se junta a calmaria do meu silêncio
e ametistas surgem
em um rio de águas-marinhas
e teu corpo no meu se aninha
e o marinho dos teus pensamentos
não me deixam parar de sonhar

Rita Encinas

domingo, 14 de março de 2010

Ser poeta




          O poeta é um sonhador, tanto viaja que alcança o céu, liberta-se do casulo da realidade e flutua entre os mais íntimos de seus segredos. As suas verdades? Ninguém conhece, ele deixa por conta de quem os lê. Sempre almeja o belo, constrói seus castelos, não importando-se que sejam de areia, desliza sobre ela e mergulha  em histórias sem fim, porque para ele tudo é recomeço.
          Eu não sou poeta, apenas sonho!

Rita Encinas

segunda-feira, 8 de março de 2010

Aquela mulher

          Aquela mulher que se vê ao longe, na qual todos param para contemplar, não foi sempre assim, irradiante, cheia de vida e cor, que emana uma luz que de tão intensa faz brilhar os olhos de
quem a vê. Ah, aqueles olhos dizem tanta coisa e ao mesmo tempo, difíceis de decifrá-los, muitos tentaram, mas só um conseguiu.
           Um dia, andando de um lado para outro, muito ansiosa, confusa e com os pensamentos deveras desarrumados, esperava por ele, certa que a compreenderia e desfaria toda aquela inquietação. Os ponteiros brigavam entre si insistindo para que o tempo não seguisse adiante.
            O barulho da porta anunciava o fim de todo aquele tormento, então dirigiu-se até ela e o encontrou. Nesse instante lançou-o o olhar mais penetrante, carente e cativante, certa de que ele compreenderia tudo o que sentira sem que fosse preciso dizer uma única palavra, trazendo o alívio que tanto necessitara. Ele com um olhar cansado e displiscente perguntou-lhe o que queria, por quê estava olhando pra ele daquele jeito. Imediatamente o olhar daquela mulher tranfosrmou-se. Uma mistura de fúria, decepção e desalento deu lugar ao olhar, que para ela era o mais claro e óbvio possível. Sem dizer nada, trancou-se no quarto e toda dor que sentia jorrou pelos olhos, sem sobrar nenhuma gota de sal.
           Demorou alguns anos para aquela mulher sentir que ela bastava-se, que seu amor próprio tinha prioridade e quem compreendesse o que levava no olhar seria merecedor dele!

Rita Encinas