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domingo, 17 de outubro de 2010

Vida breve



Ando perdida assim,
sem rima, sem prosa,
nada restou, fiquei apenas
com o espinho da rosa.

As minhas canções
que eram melodiosas,
perderam o tom, a cor,
calaram-se, silenciosas.

Meus lindos sonhos
acordaram em pesadelos,
com medo do escuro,
solitários, em becos.

Mas meu corpo 
ainda arde em febre,
a morte clama pela vida,
mesmo sabendo que é breve.

Rita Encinas

É só amor




Meu coração de súbito, dispara,
Quando a metade do teu
Insiste em bater em meu peito,
Ah, não tem jeito,
Nada se compara 
Ao teu abraço, teu laço,
Que me faz desmaiar
Lentamente em teu colo,
Que eu tanto adoro,
E teu beijo que me envolve
Enquanto abres, um a um,
Os botões da crisálida,
Tal como abrem-se
Botões de rosas orvalhadas.
E no momento que chegam,
Entrelaçados,
O prazer e a dor...
O perfume que fica no ar...
É só amor!

Rita Encinas

domingo, 3 de outubro de 2010

Eclípse



A noite cai no colo de flores
Solidárias e perfumadas,
Que a consolam, acariciando-a
Desejando-lhe bons sonhos.
Ao ver seu amado partindo,
Lentamente, em tons dourado-rubi,
Até ocultar-se inteiramente,
Sente-se cada vez mais fria,
E encontra calor em folhagens
Aquecidas e acariciadas por ele.
Adormece feliz, sabendo
Que irá encontra-lo novamente,
Por alguns instantes apenas,
Tão logo as flores banhem sua face,
Com lágrimas orvalhadas de emoção,
Por compartilharem com ela
A tristeza da solidão.
E assim foi durante
Incontáveis primaveras,
Até que teve a idéia
De fazer uma flecha,
Com espinhos cedidos por uma rosa,
E lançando-a para o alto,
Acertou um anjo distraído,
Que se transformou em um eclipse,
E os uniu eternamente.

Rita Encinas

Lentos ponteiros





Vermelhos são meus pensamentos,

Insônia acompanhada de desejos,

Visto-me de flores, enfeito meus cabelos

e trapaceio os ponteiros lentos,

Que insistem em permanecer no outono!


Rita Encinas


Exercício poético (postado na comunidade "Revista de Poesias I e II" em 15/09/2010)

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Olhos




Olhos lascivos
carregam consigo
meninas, crianças
que brincam de seduzir.
Oblíquam-se insinuantes,
como a despir e a desvendar
intenções não resolvidas.
Percebem cada movimento
de sombrancelhas e pestanejos.
Olhos que mentem e convencem,
Que enlouquecem e se fazem indiferentes,
chamam e não se deixam prender,
comovem, mas não se banham,
hipnotizam como serpentes,
colocando sempre interrogações.
E, deixam no ar desejos,
procurando lábios raros,
que possuam percepção
e os decifrem.

Rita Encinas